
RIO - Um suposto mal entendido por pouco não acabou em tragédia na noite de sábado, na Zona Norte do Rio. Policiais militares que estavam na esquina da Rua Apiaí com Avenida Lobo Júnior, na Penha, atiraram contra o carro de um casal que não parou depois de ser abordado. O motorista do carro, Paulo Mury Vieira, 55 anos, que ficou ferido no braço, afirmou, no entanto, que não teria percebido que os policiais queriam que ele parasse.
- Eles não disseram nada. Simplesmente atiraram - afirmou o funcionário da Caixa Econômica Federal.
Paulo Mury estava com a esposa, Elizabeth Madaber Profilo, 54, que não foi atingida. O casal voltava de uma festa na casa de amigos, no mesmo bairro, quando perceberam que o carro da polícia vinha logo atrás com as sirenes ligadas. O bancário então teria dado passagem para o carro da polícia passar, achando que se tratava de uma perseguição policial, mas foi surpreendido pelos tiros.
- Depois de atirar eles abriram a porta do carro e meu marido disse que estava baleado. Eles chegaram gritando e xingando dizendo que era para a gente ter parado, eles não avisaram em nenhum momento que era para a gente parar. E isso não dá a eles o direito de sair atirando - afirmou Elizabeth em entrevista à TV Globo.
Paulo foi socorrido por uma ambulância do Samu e levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Atingido de raspão no braço esquerdo por um tiro de fuzil, o bancário foi liberado após ser medicado. Na 22ª DP (Penha), os militares envolvidos disseram que teriam atirado porque o bancário não parou o veículo. Paulo negou a versão dos PMs e contou que parou o carro após os policiais ligarem a sirene da viatura.
Há pouco mais de um ano, o menino João Roberto Soares, de 3 anos, morreu na Tijuca, Zona Norte do Rio, após PMs metralharem o carro de sua mãe. A tragédia aconteceu quando o carro em que João estava junto com a mãe, a advogada Alessandra Soares Amaral, e o irmão de nove meses, passava pela Rua General Espírito Santo Cardoso. A polícia alega que eles teriam sido confundidos com bandidos. O menino chegou a ficar hospitalizado, mas teve morte cerebral confirmada no dia seguinte à ação policial, mas foi mantido ligado a aparelhos porque sua família havia autorizado a doação de seus órgãos.
Pouco mais de seis meses depois da tragédia, a Polícia Militar decidiu expulsar os dois policiais envolvidos na morte do menino João Roberto. A decisão foi tomada por um colegiado da corporação e foi atendida pelo então comandante-geral, o coronel Gilson Pitta. Em dezembro de 2008, um dos policiais envolvidos no caso foi absolvido pelo 2º Tribunal do Júri da Capital . No julgamento ele reconheceu que errou ao confundir o carro onde estava o menino e sua mãe, com um veículo ocupado por bandidos.
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