Mantega diz que país comprará US$ 10 bilhões em títulos do FMI

Rio de Janeiro, 10 jun (EFE).- O Brasil adquirirá US$ 10 bilhões em títulos emitidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar a financiar o organismo multilateral, anunciou hoje o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"É um passo importante que o Brasil está dando para se transformar em credor, e não em devedor do Fundo", disse Mantega, em entrevista.
De acordo com o ministro, a vantagem de financiar o FMI através da compra de títulos é que, apesar de ser um empréstimo, os recursos podem continuar sendo contabilizados como parte das reservas internacionais brasileiras.
A operação transforma o Brasil em um dos 47 países credores do FMI, ou seja, que financiam as operações do organismo multilateral.
"É uma aplicação que o Brasil está fazendo para que o FMI possa ajudar os países em crise, principalmente os emergentes", disse Mantega.
Os títulos terão a modalidade de Direito Especial de Saque (SDR, em inglês), já prevista pelo FMI.
"O rendimento (os juros dos títulos) ainda será definido pela direção do Fundo (...). Não vamos esperar um grande rendimento porque, se não, o FMI teria que passar esses recursos aos países em crise com juros muito altos", disse o ministro.
Segundo Mantega, a operação tinha sido estipulada durante a cúpula de chefes de Estado dos países do Grupo dos Vinte (G20, os países ricos e os principais emergentes) de Londres em abril, e foi aprovada ontem à noite pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O Brasil encontrou condições de solidez para prestar recursos ao Fundo. No passado, era o contrário: o país recebia empréstimos. Agora, acumulamos reservas que podem ajudar a comunidade internacional", disse.
Apesar da atual conjuntura mundial adversa, o Brasil conseguiu manter suas reservas internacionais nos cerca de US$ 200 bilhões em que estavam antes do agravamento da crise econômica global.
Os recursos concedidos já fazem parte da cota que o Brasil tem no FMI, mas, agora, transformados em títulos, permitem que o Fundo possa colocá-los à disposição para empréstimos a outros países.
O Brasil esteve durante décadas entre os devedores do Fundo, mas saldou todas suas contas com a instituição há dois anos e, desde então, não recebeu nenhum empréstimo do organismo. EFE